Um estudo divulgado recentemente na revista Nature, relacionado à neurogênese do hipocampo, afirma que o processo de formação de novos neurônios no cérebro diminui durante a infância e é inexistente na fase adulta.

A Neurogênese do Hipocampo ao Longo da Vida

O estudo publicado analisou 59 amostras de tecido de uma região específica, denominada hipocampo, que trata-se de uma região cerebral associada principalmente à aprendizagem e à memória, sobretudo a memória a longo prazo.

O termo neurogênese refere-se à formação de novas células nervosas. Existe uma tese antiga que defende que o hipocampo humano cria várias células nervosas diariamente, ao longo de toda a vida. O estudo divulgado contraria esta tese e tudo o que se pensava até agora em relação à neurogênese e ao neurodesenvolvimento.

A Neurogênese do Hipocampo ao Longo da Vida – Estudo

A partir da coleta e análise das 59 amostras de tecido do hipocampo de doadores, incluindo fetos, recém-nascidos, crianças, jovens e adultos, concluiu-se que o número de neurônios “recém-nascidos” nesta região cerebral já começa a diminuir a partir do nascimento e, já na fase adulta, este número é praticamente inexistente.

Observou-se uma abundância de neurogênese nas fases do desenvolvimento pré-natal do cérebro e também em recém-nascidos. Já durante os primeiros anos de vida, observa-se um declínio significante de neurônios novos presentes no tecido cerebral: o número de novos neurônios identificados numa criança de dois anos era cinco vezes inferior ao número verificado em recém-nascidos.

O declínio do número de neurogêneses do hipocampo continua na infância: entre um e sete anos de idade, o número de novas células nervosas diminui cerca de 23 vezes.

No início da adolescência, em torno dos 13 anos, os investigadores identificaram apenas 2,4 neurônios novos por milímetro quadrado de tecido do hipocampo. As amostras de tecido cerebral doadas por jovens de 17 anos, assim como 12 as amostras dos adultos epilépticos, não continham nenhum vestígio de neurônios recém-formados.

A Neurogênese do Hipocampo ao Longo da Vida – Discussão

Se o resultado do presente estudo for confirmado, será um grande revés para os cientistas. Múltiplos pesquisadores da área ainda não estão convencidos pelo novo estudo, sobretudo porque ele contraria muitas linhas de evidências de que o hipocampo continua formando novos neurônios ao longo de toda a vida dos seres humanos.

Contra-argumentando os resultados da pesquisa, outros estudiosos afirmam que não encontrar novas células nervosas nas amostras coletadas de hipocampo não significa que elas não estão ali, presentes.

Eles questionam a eficácia dos marcadores moleculares utilizados para visualizar os neurônios imaturos no estudo com a qualidade do tecido cerebral já comprometida, uma vez que 37 das amostras foram coletadas de indivíduos mortos depois de 48 horas.

Além disso, foi argumentado que diversos fatores ao decorrer da vida dos indivíduos cujos hipocampos foram analisados podem diminuir drasticamente a produção de novos neurônios.

Os fatores possivelmente determinantes no neurodesenvolvimento incluem: estilo de vida (prática de atividades físicas, alimentação), presença de doenças crônicas e grau de estado doentio, depressão, nível de estresse, entre outros.

Embora os pesquisadores do novo estudo reconheçam as limitações, eles seguem confiantes com os resultados obtidos: eles afirmaram que 22 das amostras coletadas foram removidas dos cérebros de pacientes epilépticos vivos e tratados, e a ausência dos novos neurônios após os 11 anos de idades foi a mesma.

Este grande debate entre neurocientistas evidencia a necessidade de novos estudos relacionados à neurogênese do hipocampo, para confirmar ou descartar definitivamente a nova hipótese.