Criança e Desenvolvimento: O funcionamento do cérebro ainda é desconhecido da maior parte dos brasileiros. Para eles, o órgão não é considerado um fator importante para a primeira infância e seu desenvolvimento é visto apenas como crescimento físico.

Desenvolvimento Cerebral

Ofuncionamento do cérebro ainda é desconhecido da maior parte dos brasileiros. Para eles, o órgão não é considerado um fator importante para a primeira infância e seu desenvolvimento é visto apenas como crescimento físico. A população, de forma geral, acredita que as estruturas cerebrais já estão prontas no momento do nascimento e que não há qualquer mudança no decorrer do crescimento das crianças. O senso comum diz ainda ser muito importante evitar que as crianças batam a cabeça a fim de não prejudicar o cérebro – mas a massa cinzenta requer vários outros cuidados além desse nos primeiros anos de vida.

Informações que valem ser divulgadas

Os primeiros anos da vida de uma criança são fundamentais para seu desenvolvimento. Diversos estudos demonstram que a evolução do cérebro acontece a uma velocidade incrível nesse período, sobretudo com estímulos e interações com os pais, cuidadores, demais membros da família e outras crianças.

Pouco a pouco, o cérebro se desenvolve por meio da nutrição e de cuidados adequados, mas também pela continuidade dessa interação da criança com outras pessoas e com o ambiente.

Este é o período em que o cérebro mais precisa de estímulos, uma vez que 90% das conexões cerebrais são estabelecidas até os 6 anos . Em outras palavras, as interações sociais contribuem para impulsionar a atividade cerebral.

Se a criança for negligenciada, muitas ligações entre os neurônios deixam de acontecer, o que pode afetar o seu potencial de aprender e se desenvolver.

O desenvolvimento de uma pessoa é contínuo e incorpora diversos processos biológicos e sócio emocionais que se moldam a partir das experiências vivenciadas especialmente na primeiríssima infância.

Ou seja, mesmo após o nascimento, o cérebro continua sendo “construído” e a qualidade de sua “construção” depende das experiências vividas.

Quanto melhor for a “construção” do cérebro nessa fase, melhor será a preparação das crianças para o futuro.

Para que o processo de desenvolvimento pleno do bebê e da criança ocorra, são fundamentais estímulo adequado, vínculo e afeto.

O cérebro, auxiliado pelos órgãos que compõem os sentidos (visão, olfato, audição, paladar e tato), se apropria da informação por meio de um estímulo adequado – vindo do ambiente – e, na maioria das vezes, realizado pelos pais/adultos de referência da criança e cuidadores.

Experiências positivas na primeira infância contribuem para o desenvolvimento saudável do cérebro, permitindo que a arquitetura cerebral seja sólida e tenha uma estrutura mais apta a superar dificuldades.

Informação sem Complicação

Procure falar do cérebro como um órgão particularmente sensível a influências físicas, cognitivas e afetivas na primeira infância.

Ao tratar do desenvolvimento cerebral nos primeiros anos, não é preciso falar de termos complexos, como conexões neurais, mas é importante mencionar que, nessa fase, o processo de desenvolvimento do cérebro é especialmente intenso, pois são formadas as bases para as aquisições das capacidades físicas, intelectuais e emocionais da criança.

Com a metáfora Arquitetura do Cérebro, é possível explicar esse processo comparando o desenvolvimento do cérebro à construção de uma casa. Para levantar as paredes, é preciso antes que o chão esteja bem assentado. Para que o sistema elétrico funcione, é necessário que as paredes já estejam erguidas

(veja mais abaixo Ferramentas de comunicação e outras inspirações).

Importância da Higiene do Sono

Sempre que possível, vale a pena enfatizar a capacidade de constante remodelação do cérebro, a chamada plasticidade cerebral, nas comunicações relacionadas à primeira infância e explicitar a importância do contexto e dos estímulos adequados a cada fase.
Procure deixar claro como essas estimulações acontecem. Falar com o bebê, por exemplo, estimula que ele se aproxime da linguagem oral e comece a se expressar por meio de palavras. Ressalte ainda que tudo deve ser sempre feito com muito carinho e acolhimento.

Ferramentas de comunicação e outras inspirações

Para mostrar como o processo de formação de sinapses ocorre em diferentes momentos na primeira infância e como ele é rápido e intenso, procure usar gráficos, como este, utilizado na publicação O impacto do desenvolvimento na primeira infância sobre a aprendizagem – Estudo nº 1 – Núcleo Ciência Pela Infância.

Outra forma de mostrar o desenvolvimento do cérebro na primeira infância é utilizar imagens científicas (veja acima), como fez o pesquisador Giorgio Tamburlini, do Centro per la Salute del Bambino, de Trieste, na Itália, na abertura da III Mostra Internacional das Semanas do Bebê, realizada em 2016, em Recife, pelo Unicef, ao exibir a quantidade de sinapses neurais em cada uma das fases do desenvolvimento da criança.

Um bom uso da metáfora da Arquitetura do Cérebro

Para apresentar a metáfora da Arquitetura do Cérebro, você pode adaptar o conceito utilizando a imagem de uma casa em construção, como fez o programa Bem Estar, produzido pela Rede Globo de Televisão.

O tema foi ilustrado com uma animação que comparava o desenvolvimento do cérebro à construção de uma casa. À medida que a casa era “construída” com blocos, uma médica complementava o conceito e explicava bem a metáfora Arquitetura do Cérebro.

 

Para entender como isso acontece, veja o vídeo Brain Development. Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

UNICEF. Relatório anual do Fundo das Nações Unidas para a Infância: crianças de até 6 anos, o direito à sobrevivência e ao desenvolvimento. Brasília, 2006.

COMITÊ CIENTÍFICO DO NÚCLEO CIÊNCIA PELA INFÂNCIA (2014). Estudo n. 1: o impacto do desenvolvimento na primeira infância sobre a aprendizagem. Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

BEM estar. Apresentado por Fernando Rocha e Michelle Loreto. Afeto e estímulo são a base da construção do cérebro da criança. São Paulo, Rede Globo, 13 maio 2016. Disponível aqui. Acesso em: 27 set. 2017.

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