Limite de Tempo de Crianças em Jogos on-line! Isso é o que China quer: Ministério da Saúde quer reduzir incidência de miopia entre os mais jovens
Limite de Tempo de Crianças em Jogos on-line! Isso é o que China quer
O governo de Xi Jinping demonstrou uma capacidade singular de exercer controle sobre tudo, do discurso político à internet. Talvez agora tenha encontrado um rival à sua altura: as crianças chinesas.
As crianças do país, assim como as outras do mundo inteiro, dedicam horas aos jogos digitais “Honour of Kings” e “Playerunknown’s Battlegrounds”. O entusiasmo delas transformou a China no maior mercado de jogos do planeta e enriqueceu empresas como a Tencent Holdings.
Pergunta dos {ais
Mas como? Essa é a pergunta dos pais em todos os lugares onde existem crianças viciadas em jogos. O Ministério da Educação não oferece ideias específicas sobre técnicas para impedir que as crianças usem um computador ou smartphone. Os pais chineses parecem ser tão incapazes de regular o uso de jogos quanto os pais em outros países.
– Os jogadores sempre encontram um jeito de gastar mais tempo ou dinheiro que o permitido – diz Serkan Toto, fundador da consultoria de jogos Kantan Games, com sede em Tóquio.
O Ministério anunciou as diretrizes sobre jogos como parte de um plano amplo para abordar a crescente incidência de miopia entre crianças. A campanha, defendida pessoalmente por Xi, visa principalmente a reduzir a miopia em crianças e adolescentes em pelo menos 0,5 ponto percentual por ano até 2023, de acordo com um comunicado publicado no site do Ministério.
Ainda assim, a medida soa tanto como uma admissão do vício generalizado em jogos quanto como uma afirmação de objetivos políticos. O Ministério incentivou os pais a mandar os filhos brincarem fora de casa – sem aparelhos eletrônicos.
Por que a China quer limitar o uso de games por crianças
A China pretende restringir o uso de videogames entre crianças e adolescentes. O governo do país publicou novas regras que estabelecem limites diários de tempo para os jogadores. Para as autoridades, os jogos eletrônicos são responsáveis por comprometer o rendimento escolar dos jovens, e estariam por trás do aumento de problemas oftalmológicos nesta faixa etária.
“São problemas que afetam a saúde física e mental das crianças, assim como o aprendizado e a qualidade de vida”,
declarou a Administração Geral de Imprensa e Publicações, órgão governamental que regula a internet.
“O uso de aparelhos eletrônicos para fins não relacionados com a aprendizagem não deve exceder 15 minutos e, ao todo, não deve passar de uma hora por dia”,
afirmou o Ministério.
“Depois de passar de 30 a 40 minutos em aparelhos eletrônicos para fins de aprendizagem, [as crianças] devem fazer uma pausa e descansar por 10 minutos. Quanto mais jovens forem, menor deve ser o tempo de uso contínuo de aparelhos eletrônicos.”
Segundo as novas regras, jogadores menores de 18 anos:
Não poderão se cadastrar em plataformas online de games com apelidos ou codinomes, apenas com sua identidade verdadeira e um número de identificação criado em um novo sistema de registro.
Não poderão jogar games entre 22h e 8h. Poderão jogar no máximo 90 minutos por dia durante a semana e três horas diárias em fins de semana e feriados.
A compra de acessórios e recursos extras, vendidos dentro dos jogos, também será limitada. Menores de 8 anos não podem mais realizar compras.
Jovens entre 8 e 16 tem um limite de R$ 115 por mês (200 yuans) e entre 16 e 18, R$ 230.
Os investidores se concentraram nas restrições aos jogos e em suas implicações para empresas como Tencent e Netease.
No fim das contas, o ônus poderia recair sobre as empresas de jogos: a Tencent, por exemplo, instituiu em 2017 limites de tempo para menores de idade depois que jornais estatais destacaram seu principal título, “Honor of Kings”, como incentivador do vício.